“Não percas demasiado tempo a julgar o que vês, meu filho, pois os olhos são os piores inimigos do espírito. Não cries opiniões sobre as coisas, deixa que as coisas criem opiniões em ti. E nunca, mas nunca te julgues dono da verdade absoluta. Esvazia a tua mente de monstros e de teias de aranha que prendem pensamentos desnecessários e desfruta cada pôr-do-sol.”
Afinal eram camélias
Vejo-as todos os dias Da almofada que me sequestra, A espreitar da minha janela E a roçar as grades ferrugentas Da jaula platinada que guarda os meus medos. Elas não me perdoam a inércia E choram castanho e bafio Cospem pétalas cansadas E não renovam os seus botões, Por despeito. Oiço rir e imagino as tuas amêndoas Rasgadas em luz negra aveludada, Apertadas contra a chiadeira do meu peito. Descolo as pálpebras que teimam em selar Os meus olhos, para a ilusão continuar, E vejo que quem ri é a roseira. Pensei em fazer um arranjinho Que te mostrasse onde os meus lábios Querem ir, e dissesse os poemas Que eu não sei escrever. E quando me fosse embora A rastejar de volta à gaiola do meu penar, Ias lembrar-te da nossa ardência Cada vez que te cheirasse a rosas. Mas elas escolheram desviver, Como eu tentei fazer com os meus sentimentos. Não fui capaz, E eles ainda me beliscam os mamilos Do lado de dentro. Entretanto as cameleiras, Com os seus brotos de alvura virgem Vão regenerando e pe...
Chama-se a isso «olhar transformante», desde os filósofos gregos...
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