sexta-feira, 29 de abril de 2011

A vida foge,
Por isso corre, rapaz.
Corre enquanto és capaz
De iluminar a alma
E de ver o Sol ao longe.

Quando não fores capaz
Verás que viver não importa,
Se a tua alma não beber
Da fonte que nasce dos olhos
De quem calou a tua lingua morta,
E que te mata, sem saber.
Estou vivo,
Não me perguntem como estou.
Não sei porque ainda estou assim,
Não sei se mereço estar assim,
Sei que estou escondido
E que não há luz em mim.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Da minha janela consigo ver
Cores mundanas,
E gente que parece feita de canas
E até rastos do que nunca consegui ser.

Da minha janela as pessoas
Parecem o que são,
Formigas.
Desde o anão ao que não vê,
Almas inimigas
Sem saberem porquê.

E assim da minha janela percebo,
Que não é do mundo que tenho medo.

E da minha janela só não desejo
O que as pessoas podem ser,
Mas que diferença pode haver,
Se da minha janela nada vejo?

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Persigo-me,
Não sei porquê.
Minha alma está cega,
Meu espírito já não vê.

O que é feito de mim?
Perdido nesta amargura...
E a que horas se põe o Sol?
Pois que enquanto a vida dura
Não cessa a tortura...

E onde está a luz
Que outrora me inebriava,
E de espírito rubescente
Ninguém me guiava,
Seguia para o Poente.

Mas que Poente era este
Que me trouxe fantasmas,
E agora contorço-me em asmas...
Sou uma sombra escura,
De mim, pouco ou nada perdura

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Um dia,
Que cortes o vento com o olhar
E me sonhes por um momento
Vais fazer parar o tempo
E o mundo vai acabar
E nada me vai iluminar.

Sim,
É nisto que eu penso
E ao fim do dia repenso…
O que é que fiz de mal
Que nem a água do mar
Nem os teus cabelos
Me sabem a sal?

Depois,
Já pouco tenho para viver.
Pelo menos assim parece
Pois que o horizonte escurece
E eu já não tenho razões para crer.
Pelo menos no amor
Que até agora só me trouxe dor
E me fez deixar de ver.
Pelo menos os teu olhos
Que transbordam luz
E que sem saberes são minha cruz.