segunda-feira, 31 de março de 2014

Monstro repelente
Castanho e de suas jubas dono.
Bela de olhos aveludados,
Também Bela mas sem sono.

Vistos uma e outra vez
Num sofá velho e roído.
Ah, quantas vezes revistos...
De fim feliz e meio sofrido.

Escafandro imóvel
Baba-se por todo o lado.
Paira à sua volta reluzente
Um bicho psicadélico alado.

O cepo continua sem se mexer,
Borbulha em si um cometa.
Arde todo por dentro
E incendeia a borboleta

India semi-nua
Que faz erguer a masculinidade
De um colono aloirado...
Outro amor sem possibilidade.

Se eu quisesse por acaso
Descrever todos os amores que me passaram pelos olhos
Não dormia hoje nem amanhã
E dos meus dedos restariam folhos

Já vi incriminar um homem
Por deflagrar uma mulher sem intenção de a amar
Ainda não foi sentenciada a pena
E por aí continua ele a vitimar.

Julgo pois, do meu confortável assento
Posicionado de frente para estes crimes
Que o pior deles todos é o meu,
Pois tudo o que sei de amor vi em filmes.

Agente da passiva
É como gosto de me intitular...
De tanto que já vi, se ver é crer
Creio que ainda hei-de amar.

Sem precisar espaço ou tempo,
Universo ou Dimensão.
Hei-de saltar sem olhar para baixo,
Hei-de rasgar o freio que tenho no coração.