quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Devaneio número Quatro

De imaginação obstruída, e também por falta de tempo, para aqui mando outro dos meus devaneios, também ele escrito já há bastante tempo.


Enquanto a caneta desliza sobre o papel,
Enquanto a imaginação viaja por vielas escuras,
Jaz um corpo morto com a alma quente.

Enquanto o poeta cospe sonhos na folha
Sonhos infindáveis maravilham os outros
Os que amam sem saber que existem.

Enquanto esta vida durar
Não hei-de eu sair de meu casulo
A poesia reina nele,
Porque havia de querer sair?

Enquanto esta vida durar
Não deixarei de amar,
Nunca enfrentarei a realidade…
Pergunta-me porquê,
Eu dir-te-ei que sou poeta…

Devaneio numero Três

À falta de melhor, exponho aqui mais um poema, este já escrito há mais tempo que os anteriores.

O cais ao entardecer,
Espero eu viver,
Para o ver outonal
Naquela tarde de Outubro.

Naquela tarde de Outubro
Os rios cruzaram-se com os mares
E nasceu um rio cinzento
(Vogava como vento!)
Que brotou de teus olhos despidos.

E ainda me revejo nessa tarde
A olhar para os teus cabelos
Caídos no leito do Tejo,
E a contar uma historia sibilante
Ás gaivotas que partiam para sul.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Devaneio numero Dois

A chuva não cai por acaso,
Quando molha a terra sombria,
Mas a chuva que cai em cima da gente,
Não traz mágoa,
Cai ingenuamente.

Mas enquanto arder o fogo
Que aquece a alma do poeta
O frio não chega,
Não gela o coração,
Não morre a alma inquieta.

E o vento que bate
No rijo coração
Do homem que não sonha,
Volta de rasgão
Triste por não saber
Para onde fica o Suão.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

"Se choras por não teres visto o pôr do Sol, as lágrimas não te vão deixar ver as estrelas."

Bob Marley

Devaneio número Um

Primeiro devaneio aqui exposto, já algum tempo escrito, num dia de melancólica chuva.

Menino descalço volta para casa,
Varina recolhe mercadoria,
Campino arruma gado,
Pastor junta rebanho.
Escurece o triste dia atrás do horizonte.

Escondem a Lua agoirentas nuvens,
Cala-se a rola, ouve-se o negro corvo
E a chuva,
Triste e desalmada,
Tomba sobre o solitário montado.

O Vento acaricia sobro e oliva
Cantando-lhes o velho Fado
Ao som da amarga chuva,
Que maltrata entes e gentes.
E só não molha as andorinhas prudentes,
Que partem para o sereno Austral.