quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

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Hoje olhei para este Blog, coisa que por acaso não fazia há muito tempo, e aborreci-me.
Aborreci-me ao constatar que perdera a vontade, imaginação e iniciativa de escrever ao longo de 9 penosos meses.
Aborreci-me quando olhei para linhas direitas sobre planos cinzentos, tão mortos quanto a minha imaginação durante este período de secura criativa.
Aborreci-me ao ler os pobres poemas que tive o descaramento de expôr ao universo cibernautico.
Aborreci-me porque perdi o hábito de escrever, de imaginar, de criar e de transcender barreiras através da poderosa arma que é o SONHO.
Aborreci-me porque logo a seguir perdi tempo a amaldiçoar o curso de Ciências e Tecnologias, que terá sido um dos alegados suspeitos julgados pelo crime de furto de asas que criavam por meio de uma caneta ou até de um monotono teclado de computador.
Entretando alegrei-me de já não ter de defrontar esse monstro.
E depois arrependi-me de ter começado este post, porque poderá haver gente que acha que vou dar continuidade a este blog deprimente (e depois senti-me aliviado por saber que ninguém lê este blog)

terça-feira, 23 de março de 2010

Devaneio número Cinco

O tempo não tem sido generoso para comigo... talvez agora nas tão esperadas férias da Páscoa consiga meter aqui qualquer coisa nova. Entretanto aqui vai mais um devaneio que se perdeu na minha completamente arrumada e organizada(-_-')secretária.

Se o sonho vive de ilusão
Por favor iludam-me.
A ténue linha entre a chama e a solidão
Morreu como o frio mármore,
A solidão escureceu o sonho e o clarão
E vida sem sonhos é em vão.

Mas se o sonho vive de ilusão
Não há-de voltar o Inverno
Pois que a alma quente do poeta
Dispersa e inquieta
Aquece o temporal com sopro terno,
E vida sem calor é em vão.

Quero sonhar em vão
Quero matar a solidão
Quero ofuscar-me pelo clarão,
Para poder sonhar sem fim
Quando o Sol se abrir em mim,
E sonhar eternamente não é em vão.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010





Se há música que me diz alguma coisa é esta... "Fantasmas" perseguem quem vive, quem não os tem nunca passou da fria morte emocional. Quem os tem, mas ignora a sua existência vive a monótona felicidade, quem os vive diáriamente circula na assustadora montanha-russa da vida, na qual um pico atinge o céu, mas a descida é vertiginosa e a mais ligeira reascensão, penosa.

Mas é por esses picos que vale penar e rastejar, e pela virtude da reascensão, morrer.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Devaneio número Quatro

De imaginação obstruída, e também por falta de tempo, para aqui mando outro dos meus devaneios, também ele escrito já há bastante tempo.


Enquanto a caneta desliza sobre o papel,
Enquanto a imaginação viaja por vielas escuras,
Jaz um corpo morto com a alma quente.

Enquanto o poeta cospe sonhos na folha
Sonhos infindáveis maravilham os outros
Os que amam sem saber que existem.

Enquanto esta vida durar
Não hei-de eu sair de meu casulo
A poesia reina nele,
Porque havia de querer sair?

Enquanto esta vida durar
Não deixarei de amar,
Nunca enfrentarei a realidade…
Pergunta-me porquê,
Eu dir-te-ei que sou poeta…

Devaneio numero Três

À falta de melhor, exponho aqui mais um poema, este já escrito há mais tempo que os anteriores.

O cais ao entardecer,
Espero eu viver,
Para o ver outonal
Naquela tarde de Outubro.

Naquela tarde de Outubro
Os rios cruzaram-se com os mares
E nasceu um rio cinzento
(Vogava como vento!)
Que brotou de teus olhos despidos.

E ainda me revejo nessa tarde
A olhar para os teus cabelos
Caídos no leito do Tejo,
E a contar uma historia sibilante
Ás gaivotas que partiam para sul.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Devaneio numero Dois

A chuva não cai por acaso,
Quando molha a terra sombria,
Mas a chuva que cai em cima da gente,
Não traz mágoa,
Cai ingenuamente.

Mas enquanto arder o fogo
Que aquece a alma do poeta
O frio não chega,
Não gela o coração,
Não morre a alma inquieta.

E o vento que bate
No rijo coração
Do homem que não sonha,
Volta de rasgão
Triste por não saber
Para onde fica o Suão.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

"Se choras por não teres visto o pôr do Sol, as lágrimas não te vão deixar ver as estrelas."

Bob Marley

Devaneio número Um

Primeiro devaneio aqui exposto, já algum tempo escrito, num dia de melancólica chuva.

Menino descalço volta para casa,
Varina recolhe mercadoria,
Campino arruma gado,
Pastor junta rebanho.
Escurece o triste dia atrás do horizonte.

Escondem a Lua agoirentas nuvens,
Cala-se a rola, ouve-se o negro corvo
E a chuva,
Triste e desalmada,
Tomba sobre o solitário montado.

O Vento acaricia sobro e oliva
Cantando-lhes o velho Fado
Ao som da amarga chuva,
Que maltrata entes e gentes.
E só não molha as andorinhas prudentes,
Que partem para o sereno Austral.