Parqeu



 Os plátanos da alameda,

Que me cruza o lombo

E atravessa a espalda de alguém por conhecer,

Despem-se de significado como o passado
E soltam questões alergenicas.

A cidade respira mal e satura-se em rosas murchas
Vê-se desfolhar em prantos sépia cinza
E as ruas que percorro de olhos remelosos
Devolvem relances vesgos.
Olho para o chão em defesa
Procuro a minha dignidade entre as pedras da calçada.

Fui assombrar o centro da metrópole
Sempre a espreitar os ralos e bocas de incêndio.
A alegria que deixei algures no verão
Não brilha nem sorri de volta
Tem pestanas irrequietas
Que colam e encrustam quando os plátanos se começam a desnudar

Paro mais uma vez
À costa da minha assombração
Que não vai chegar a ter um destino.
Respiram as tampas de esgoto
Sinto-lhes a pulsação dentro do meu ouvido.
Havia uma canção que iluminava as catacumbas deste porto
E a sua poesia melódica trazia-me de volta a mim.

Cansei os barcos e casei os anos
As docas em cima de areia
Parecem cemitérios em arraial.
A confusão é perpétua e a vergonha também.
O luto é uma desculpa sem carga,
Mas pesa-me nos ombros a sensação de te ter perdido
No pantanal do meu umbigo.

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