Foi uma fonte Comicamente humana Com berloques e franjas engalanadas Pressão presa com arames e cuspo. Traços de corrente Assente numa estría Quente e fria Engorda e esmifra Sempre morfando e rasgando peles Que nascem por dentro iguais às de fora. Sempre fonte, nunca rio Sem rápidos nem compassos Um circuito fechado com filtro aberto. Glândula pineal marmorizada Com leões que vomitam laivos de chama Sem combustível. Era uma fonte Que unia gente à volta Numa praceta com palmeiras e chorões Salgueiros que não salgam E balsas e amoras silvestres Maduras de amor sem foco. As placas indicam Que me perdi Nos oceanos de ternura Cristalinos irradiando negrume. As pessoas passeiam os seus traumas Tipo cães atrelados a um autocarro urbano E sorriem perto da fonte Que não sorri de volta. Os leões sem expressão asseguram a calma No rebuliço da urbe em trânsito. A fonte chora continuamente Para que riam os cantores e bêbados Que nela matam ressaca, sono e sede. Continuou a ser uma fonte Aceit...
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A mostrar mensagens de novembro, 2024
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Os plátanos da alameda, Que me cruza o lombo E atravessa a espalda de alguém por conhecer, Despem-se de significado como o passado E soltam questões alergenicas. A cidade respira mal e satura-se em rosas murchas Vê-se desfolhar em prantos sépia cinza E as ruas que percorro de olhos remelosos Devolvem relances vesgos. Olho para o chão em defesa Procuro a minha dignidade entre as pedras da calçada. Fui assombrar o centro da metrópole Sempre a espreitar os ralos e bocas de incêndio. A alegria que deixei algures no verão Não brilha nem sorri de volta Tem pestanas irrequietas Que colam e encrustam quando os plátanos se começam a desnudar Paro mais uma vez À costa da minha assombração Que não vai chegar a ter um destino. Respiram as tampas de esgoto Sinto-lhes a pulsação dentro do meu ouvido. Havia uma canção que iluminava as catacumbas deste porto E a sua poesia melódica trazia-me de volta a mim. Cansei os barcos e casei os anos As docas em cima de areia Parecem cemitérios em arraial....
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Estávamos num barco Embalados pelo vaivém da lua Peles molhadas no convés à deríva Consumidos pelo breu, alumiados só Pelo incandescer das nossas almas E de repente, é um ar mais frio que passa Arrepiando o átrio da tua alma. Olhámos a bombordo sem ter noção Que de bom este barco já só tem uma canção E talvez mais duas ou três frases. Agora eu tento escrevê-las emparelhadas, Ou empinadas, encruzilhadas, enlatadas. De uma forma qualquer que te dê a impressão que tenho substrato. Sento-me no convés e acho que não te mereço Entretanto o barco treme E tu fechas-te em copas Estou à tua frente e não me focas Eu não queria ser corta mocas Mas tenho reparado que só bezana é que me tocas E eu fico a pensar que tens nojo de mim E que sou um erro de casting. Consegui que alguém me comprasse e agora quero que me devolvam. Eramos dois em espaço de um Eu espremia-me cada vez mais perto E tanto quis ficar alí a boiar Que adormeci e acordei num deserto