Doem-me as costas,
Estou com o pé dormente
E escarro sangue e pó.
Queixo-me
Para que alguém oiça
Vire a cara e diga:
Está tudo bem,
Amanhã vai ser melhor.
Mas não é.
Todos nós, encavacados.
Os burros são roubados
Os espertos são furtados.
E eu deito-me na calçada
Respiro os seus calhaus,
Do chão já não passo.
Ao menos o chão do Paço
Até é relativamente limpinho.
Mas não é
O chão lá não vê sonhos
Nem poemas
Nem coisa nenhuma.
Lá o chão vê sebo,
Poças duvidosas e asquerosas
E poetas deitados,
Roubados e amarrados
Ofegantes e queixosos,
Como eu.
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