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A mostrar mensagens de 2011
Que estranho luar, Que palavras fora-da-lei, Que espírito conturbado! Que estranho luar Vemos hoje, meus amigos! As estrelas ofuscadas pela Lua Procuram desesperadamente abrigos… Não apaguem essa luz de apocalipse, Que a loucura de amantes está a cegar! Que palavras fora-da-lei Fugiram hoje, meus amigos! Correm agora pela rua Roubando sorrisos a mendigos… Deixem-nas abalar alegremente, Que um dia ainda as filarei! Que espírito conturbado Suspira hoje, meus amigos! Porquê essa ânsia tua Que de portas arrancas postigos… Mas não lhe larguem os cães, Pois que é só um poeta desconsolado!
Os pássaros que vivem calados E que não animam prados, Respiram a mesma dor que eu. E já por menos se morreu… Não quero penar. Mas não é isto que me faz parar, Antes me faz continuar A girar em torno da Lua Que um dia vai ser minha e tua, Eu conseguirei Ver. Se assim penso é por não me conter, A realidade parece transparecer E nítida, sem qualquer escuridão, Estás tu na tua imensidão Interestelar .
A barreira do tempo faz-me sangrar dos ouvidos e a falta de luz queima-me os sentidos com um fugaz e ofuscante brilho de pedra nua. Não faço ideia do que acontece, o vento já me levou a nitidez e os olhos imaginários que se fixavam em mim roubaram-me a lucidez dos momentos que podiam ter acontecido. Cada dia que passa é um passo para o infinito e os relâmpagos que tentam dar faísca à minha vida falham, a chama não pega porque a chuva não para de cair.
Quando for util para os outros a minha vida vai ter sentido e a minha alma pequena e estupida vai estar pronta para abraçar a eternidade..
A vida foge, Por isso corre, rapaz. Corre enquanto és capaz De iluminar a alma E de ver o Sol ao longe. Quando não fores capaz Verás que viver não importa, Se a tua alma não beber Da fonte que nasce dos olhos De quem calou a tua lingua morta, E que te mata, sem saber.
Estou vivo, Não me perguntem como estou. Não sei porque ainda estou assim, Não sei se mereço estar assim, Sei que estou escondido E que não há luz em mim.
Da minha janela consigo ver Cores mundanas, E gente que parece feita de canas E até rastos do que nunca consegui ser. Da minha janela as pessoas Parecem o que são, Formigas. Desde o anão ao que não vê, Almas inimigas Sem saberem porquê. E assim da minha janela percebo, Que não é do mundo que tenho medo. E da minha janela só não desejo O que as pessoas podem ser, Mas que diferença pode haver, Se da minha janela nada vejo?
Persigo-me, Não sei porquê. Minha alma está cega, Meu espírito já não vê. O que é feito de mim? Perdido nesta amargura... E a que horas se põe o Sol? Pois que enquanto a vida dura Não cessa a tortura... E onde está a luz Que outrora me inebriava, E de espírito rubescente Ninguém me guiava, Seguia para o Poente. Mas que Poente era este Que me trouxe fantasmas, E agora contorço-me em asmas... Sou uma sombra escura, De mim, pouco ou nada perdura
Um dia, Que cortes o vento com o olhar E me sonhes por um momento Vais fazer parar o tempo E o mundo vai acabar E nada me vai iluminar. Sim, É nisto que eu penso E ao fim do dia repenso… O que é que fiz de mal Que nem a água do mar Nem os teus cabelos Me sabem a sal? Depois, Já pouco tenho para viver. Pelo menos assim parece Pois que o horizonte escurece E eu já não tenho razões para crer. Pelo menos no amor Que até agora só me trouxe dor E me fez deixar de ver. Pelo menos os teu olhos Que transbordam luz E que sem saberes são minha cruz.
“Não percas demasiado tempo a julgar o que vês, meu filho, pois os olhos são os piores inimigos do espírito. Não cries opiniões sobre as coisas, deixa que as coisas criem opiniões em ti. E nunca, mas nunca te julgues dono da verdade absoluta. Esvazia a tua mente de monstros e de teias de aranha que prendem pensamentos desnecessários e desfruta cada pôr-do-sol.”
Pergunto ao Sol errante, Quem me lançou esta maldição Em quem pode caber tanta perfeição Que nada há que me encante Como a beleza ofuscante, Que guardas na doçura de tua mão. Correm dentro de mim Mil cavalos selvagens De azul e carmim, Que se torcem para te ver Que esperneiam em meu ser, E me torturam sem fim. Mas a alma de um estranho poeta Tão infeliz e irrequieta, Nunca te poderá albergar. Pois que pobre é o seu ser Em constante desvanecer, Que não chega para te amar.
O horizonte esconde a Lua, mas astros flamejam-lhe a cara e enchem-lhe o peito de arrepios esperançosos e melódicos. O mar salta ao eixo como que duas crianças a brincar numa caixa de areia lisa e suave como veludo. Dinis rejubila ao sentir as suaves carícias da maresia e deleita-se com uma paz de espírito nunca antes por ele sentida. Tinha sido naquela selvagem e pura praia que a sua alma deambulara durante toda a sua existência. Cresceu, soltou amarguras, viu, sentiu, chorou e vagueou naquele espaço que sentia como seu. Nascido numa vila próxima da costa, Dinis todos os dias esperava ansiosamente pelo toque da campainha da sua escola. Assim que era chegada a hora de sair, o menino corria desenfreadamente pelo meio da balbúrdia e direccionava os seus olhos para a estrada de terra, estreita e esburacada que se estendia até a Prainha, sitio onde passava todas as suas tardes a olhar para a linha que separava o mar do infinito. Por vezes, quando o Verão fazia as tardes arrastarem-se, Din...

Devaneio numero sete

Onde estás tu, minha luz? Não percebi porque saíste, Nunca mais te vi, Nem tu me viste… Porque não estás aqui? E por que caminhos medonhos Deambulas sem mim, E me ofuscas os sonhos. Sem ti não consigo Chegar ao amanhecer Que minh’alma não consegue ver, Cada dia parece um castigo. Se um dia voltares Abraçar-te-ei sem fim Mas se não me encontrares Foi de amor que morri.

Devaneio numero seis

Já não sou quem era Sou meio do que fui, Mesmo que não tenha sido nada Vivo uma realidade ofuscada Minh’alma diminui, Voltar… quem me dera. Minha mente turva reflecte Sombras que a poesia não aquece Que calam a Primavera, Mas eu já não fico à espera Pois já não sou quem era. Um dia, quando a vida em mim Despertar, numa ilusão sem fim Hei-de ler o horizonte E ter em meus olhos uma fonte Da qual brotarão mil sonhos, E os pensamentos medonhos Não mais me perturbarão. Mas enquanto o Sol não nascer E a sua luz não me fizer cantar De mágoa hei-de viver, Não vou mais levitar Até a Primavera resplandecer.
E ainda a propósito deste último post, aqui vai um video que transpira nostalgia e no qual eu me identifico bestialmente.

Águas Passadas

Por estranho que pareça, cada vez que estou com o olhar perdido neste ecrâ maleficamente electrónico e com a cabeça cheia de um vazio nostálgico provocado pela música que faz ondular a atmosfera circundante, passa a sempre atarefadíssima Cristina Maria (para quem não conhece, minha progenitora) e, após murmurar um ou dois versos da música que oiço, diz qualquer coisa como: "Ah gosto tanto desta música! Não a ouvia há anos!" (Isto num dia simpático, claro). Tudo isto só mesmo para concluir que, sem qualquer sentido de bom-senso, a Nostalgia abandonou a sociedade no geral... a moça agora esconde-se em cérebros micro-climáticos e estranhos como o meu. Digo isto porque já é escasso o jovem de 16 anos a quem os nomes Simon & Garfunkel, Roy Orbison ou Bob Dylan dizem alguma coisa! Será quem temos que ir buscar a Nostalgia a San Francisco, com uma flor no cabelo, como diz a música de Scott Mackenzie (San Francisco(Be Sure to Wear Flowers in Your Hair)) ou teremos de recuar até a...