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A mostrar mensagens de outubro, 2012
Querer ser alguém, Querer ser de alguém, Querer fazer bem, Querer fazer o bem. Nunca somos nada Nunca somos de ninguém Ter ilusões é o princípio da estrada Que não está iluminada. Afinal de contas, somos quem? Querer é poder tentar, Mas há também que querer tentar, Sem querer queremos demasiado, Tentamos passar ao lado E deixamos de querer poder tentar. Remorsos, ressacas, ressentimentos Quando nos apercebemos Que no ponto mais alto do ser Falhámos na vida os momentos.
Ser um só, é possível?! Somos inevitavelmente multifacetados?! Somos um decorrer de estrada, mudamos cada vez que vemos uma curva e a estrada da vida é infinita em sinuosidades. Tomamos consciência disso e acabamos por ser uma multidão colorida, corrompida e indefinida. Azuis em dias mudos, egoístas em anos atrozes e desfocados a vida inteira.
Torpe zumbindo. Não se ouvem as folhas a dançar Nem o correr fluido Da chuva a cair e a embalar Os bebés e os ressequidos Que de noite vagueiam na sua cela Sussurram e ressonam cansados Depois da euforia. Perseguir movimentos E ter o olhar da gente, No coração puros rebentos Quem é assim não mente. Quem é assim não joga mesquinho Na sociedade nem no berço, Vagueiam na cela da vida Uns no fim outros no começo.
Sendo incerto, Cheguei perto De lugar nenhum. Em sítios errados, Sonhos foram apedrejados Não sobrou nem um. Não agarrei nem consegui, Queria tanto mas estremeci Adormeci na vala comum. A vertigem era grande, E o ar cortante Tresandava medo. Nunca mais sonho, O real é medonho O real é degredo. A cirrose saiu a ganhar, Não de álcool mas de amar Tardiamente morri cedo.
Larguei os últimos suspiros Assim que a tua voz, Rasgou cristais e espuma. Mergulhei, estamos sós, Eu, tu, água e bruma. Com sede d'eternidade, bebi o oceano. Escondes-te na concha Menos timida do mar, Que beija o Sol durante o dia E se deita com o quarto lunar. Sem saber que perdia, Desafoguei o abraço à vida. E assim me levaste pra tua casa. Não fizeste café, Não nos saboreámos. Assentei em ti a minha fé Ingénua, e girámos, Como o casal duma viúva. Sufoquei, há mais água Em mim que vida. Morria e afogava feliz. Nadas à minha volta, fluída E eu adormeço como sempre quiz. Com a tua canção na cabeça.
Doem-me as costas, Estou com o pé dormente E escarro sangue e pó. Queixo-me Para que alguém oiça Vire a cara e diga: Está tudo bem, Amanhã vai ser melhor. Mas não é. Todos nós, encavacados. Os burros são roubados Os espertos são furtados. E eu deito-me na calçada Respiro os seus calhaus, Do chão já não passo. Ao menos o chão do Paço Até é relativamente limpinho. Mas não é O chão lá não vê sonhos Nem poemas Nem coisa nenhuma. Lá o chão vê sebo, Poças duvidosas e asquerosas E poetas deitados, Roubados e amarrados Ofegantes e queixosos, Como eu.
Duvidemos da cor da iris De cada um de nós, Somos piores que camaleões. Rezemos a Osíris Até ficar sem voz, Derrubaremos portões. Estalemos o verniz Bebamos o ácido atroz, Que não vem de limões. É apenas bílis Que acalma esta sede feroz, Mas não a cirrose de paixões. Limparemos a merda que fiz Pois já não há eu, somos nós, Somos rebanho, ocos que nem melões