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A mostrar mensagens de abril, 2013
Na viagem estática De ontem à noite Quis apagar-me da realidade, Já que durante o dia sou cobarde... A noite sabe quando estou perdido E quando estou escondido. Ela sabe sempre, Porque vive em mim e eu vivo nela. Nunca me fez sentido Saber de crianças com medo da noite, Porque ela criou-me e criou-te, Minha fantasia de alma dispersa. O lascivo breu que chega, Atropelando o ingénuo clarão, É meu amigo. Nele não encontro o meu umbigo No escuro não há um eu Porque se não nos vemos não existimos, Afinal de contas a liberdade é uma não-existência E uma ponte de cordas para a demência... Mas eu confortei-me nesta noite Com o braço não-existente que me aconchega. Enquanto espalho Luz, espero a sorte, Engano a morte.
Rastejante e latejante, contorço-me quando te vejo a flutuar no meio das caras desfocadas de pessoas à tua volta. Essas pessoas à tua volta não passam disso, pessoas turvas e inócuas . Não sei se sou o único naquele momento a ver-te assim, e isso perturba-me seriamente a sanidade mental. Vejo-te incandescente. Pegas-me fogo e eu deixo-me arder devagarinho, e se um fragmento da minha alma feita em cinzas ficar preso aos teus cabelos, arder valeu a pena.