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A mostrar mensagens de setembro, 2012
Zarpar Perder de vista a cela Não reter o pensamento Renegar. Zarpava Tirava os meus sonhos da tela Sem hesitar um momento Renegava. Zarparia Se conseguisse apagar a vela Que apaga-la não consegue o vento Renegaria. Zarparei Assim que aprender a fala Dos que tendo tecto dormem ao relento Renegarei. Zarpo Choro por esta terra, não vou mais pisá-la Não me contenho, também não tento Renego. Zarpei O meu espírito entrou na caravela Que me há-de levar à esperança e ao tormento Reneguei.
Sórdida, mas sempre altiva Marca-me com ferro em brasa. Corta-se ás fatias Quando lhe apetece. Queria marcá-la também Para ver se está viva. Gostava de apagar uma beata Naquele corpo pálido. Nunca chego lá Nem que salte até mais não. Fico à espera, na treva E vejo-a partir vestida de prata. Exilaram-na lá no alto Para mandar calar os grilos. Acabaram enfeitiçados Os pobres bichos. Agora não param de cantar, tresloucados Ao céu cor-de-asfalto. Não pensas no que estás a fazer Quando apareces, incandescente. Tiras o encanto a Vénus E roubas o escuro à noite. Sou um grilo sem voz, Só me deito ao amanhecer