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A mostrar mensagens de janeiro, 2010

Devaneio número Quatro

De imaginação obstruída, e também por falta de tempo, para aqui mando outro dos meus devaneios, também ele escrito já há bastante tempo. Enquanto a caneta desliza sobre o papel, Enquanto a imaginação viaja por vielas escuras, Jaz um corpo morto com a alma quente. Enquanto o poeta cospe sonhos na folha Sonhos infindáveis maravilham os outros Os que amam sem saber que existem. Enquanto esta vida durar Não hei-de eu sair de meu casulo A poesia reina nele, Porque havia de querer sair? Enquanto esta vida durar Não deixarei de amar, Nunca enfrentarei a realidade… Pergunta-me porquê, Eu dir-te-ei que sou poeta…

Devaneio numero Três

À falta de melhor, exponho aqui mais um poema, este já escrito há mais tempo que os anteriores. O cais ao entardecer, Espero eu viver, Para o ver outonal Naquela tarde de Outubro. Naquela tarde de Outubro Os rios cruzaram-se com os mares E nasceu um rio cinzento (Vogava como vento!) Que brotou de teus olhos despidos. E ainda me revejo nessa tarde A olhar para os teus cabelos Caídos no leito do Tejo, E a contar uma historia sibilante Ás gaivotas que partiam para sul.

Devaneio numero Dois

A chuva não cai por acaso, Quando molha a terra sombria, Mas a chuva que cai em cima da gente, Não traz mágoa, Cai ingenuamente. Mas enquanto arder o fogo Que aquece a alma do poeta O frio não chega, Não gela o coração, Não morre a alma inquieta. E o vento que bate No rijo coração Do homem que não sonha, Volta de rasgão Triste por não saber Para onde fica o Suão.

Devaneio número Um

Primeiro devaneio aqui exposto, já algum tempo escrito, num dia de melancólica chuva. Menino descalço volta para casa, Varina recolhe mercadoria, Campino arruma gado, Pastor junta rebanho. Escurece o triste dia atrás do horizonte. Escondem a Lua agoirentas nuvens, Cala-se a rola, ouve-se o negro corvo E a chuva, Triste e desalmada, Tomba sobre o solitário montado. O Vento acaricia sobro e oliva Cantando-lhes o velho Fado Ao som da amarga chuva, Que maltrata entes e gentes. E só não molha as andorinhas prudentes, Que partem para o sereno Austral.