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A mostrar mensagens de 2010

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Hoje olhei para este Blog, coisa que por acaso não fazia há muito tempo, e aborreci-me. Aborreci-me ao constatar que perdera a vontade, imaginação e iniciativa de escrever ao longo de 9 penosos meses. Aborreci-me quando olhei para linhas direitas sobre planos cinzentos, tão mortos quanto a minha imaginação durante este período de secura criativa. Aborreci-me ao ler os pobres poemas que tive o descaramento de expôr ao universo cibernautico. Aborreci-me porque perdi o hábito de escrever, de imaginar, de criar e de transcender barreiras através da poderosa arma que é o SONHO. Aborreci-me porque logo a seguir perdi tempo a amaldiçoar o curso de Ciências e Tecnologias, que terá sido um dos alegados suspeitos julgados pelo crime de furto de asas que criavam por meio de uma caneta ou até de um monotono teclado de computador. Entretando alegrei-me de já não ter de defrontar esse monstro. E depois arrependi-me de ter começado este post, porque poderá haver gente que acha que vou dar cont...

Devaneio número Cinco

O tempo não tem sido generoso para comigo... talvez agora nas tão esperadas férias da Páscoa consiga meter aqui qualquer coisa nova. Entretanto aqui vai mais um devaneio que se perdeu na minha completamente arrumada e organizada(-_-')secretária. Se o sonho vive de ilusão Por favor iludam-me. A ténue linha entre a chama e a solidão Morreu como o frio mármore, A solidão escureceu o sonho e o clarão E vida sem sonhos é em vão. Mas se o sonho vive de ilusão Não há-de voltar o Inverno Pois que a alma quente do poeta Dispersa e inquieta Aquece o temporal com sopro terno, E vida sem calor é em vão. Quero sonhar em vão Quero matar a solidão Quero ofuscar-me pelo clarão, Para poder sonhar sem fim Quando o Sol se abrir em mim, E sonhar eternamente não é em vão.
Se há música que me diz alguma coisa é esta... "Fantasmas" perseguem quem vive, quem não os tem nunca passou da fria morte emocional. Quem os tem, mas ignora a sua existência vive a monótona felicidade, quem os vive diáriamente circula na assustadora montanha-russa da vida, na qual um pico atinge o céu, mas a descida é vertiginosa e a mais ligeira reascensão, penosa. Mas é por esses picos que vale penar e rastejar, e pela virtude da reascensão, morrer.

Devaneio número Quatro

De imaginação obstruída, e também por falta de tempo, para aqui mando outro dos meus devaneios, também ele escrito já há bastante tempo. Enquanto a caneta desliza sobre o papel, Enquanto a imaginação viaja por vielas escuras, Jaz um corpo morto com a alma quente. Enquanto o poeta cospe sonhos na folha Sonhos infindáveis maravilham os outros Os que amam sem saber que existem. Enquanto esta vida durar Não hei-de eu sair de meu casulo A poesia reina nele, Porque havia de querer sair? Enquanto esta vida durar Não deixarei de amar, Nunca enfrentarei a realidade… Pergunta-me porquê, Eu dir-te-ei que sou poeta…

Devaneio numero Três

À falta de melhor, exponho aqui mais um poema, este já escrito há mais tempo que os anteriores. O cais ao entardecer, Espero eu viver, Para o ver outonal Naquela tarde de Outubro. Naquela tarde de Outubro Os rios cruzaram-se com os mares E nasceu um rio cinzento (Vogava como vento!) Que brotou de teus olhos despidos. E ainda me revejo nessa tarde A olhar para os teus cabelos Caídos no leito do Tejo, E a contar uma historia sibilante Ás gaivotas que partiam para sul.

Devaneio numero Dois

A chuva não cai por acaso, Quando molha a terra sombria, Mas a chuva que cai em cima da gente, Não traz mágoa, Cai ingenuamente. Mas enquanto arder o fogo Que aquece a alma do poeta O frio não chega, Não gela o coração, Não morre a alma inquieta. E o vento que bate No rijo coração Do homem que não sonha, Volta de rasgão Triste por não saber Para onde fica o Suão.

Devaneio número Um

Primeiro devaneio aqui exposto, já algum tempo escrito, num dia de melancólica chuva. Menino descalço volta para casa, Varina recolhe mercadoria, Campino arruma gado, Pastor junta rebanho. Escurece o triste dia atrás do horizonte. Escondem a Lua agoirentas nuvens, Cala-se a rola, ouve-se o negro corvo E a chuva, Triste e desalmada, Tomba sobre o solitário montado. O Vento acaricia sobro e oliva Cantando-lhes o velho Fado Ao som da amarga chuva, Que maltrata entes e gentes. E só não molha as andorinhas prudentes, Que partem para o sereno Austral.