Estávamos num barco

Embalados pelo vaivém da lua

Peles molhadas no convés à deríva

Consumidos pelo breu, alumiados só

Pelo incandescer das nossas almas


E de repente, é um ar mais frio que passa

Arrepiando o átrio da tua alma.

Olhámos a bombordo sem ter noção

Que de bom este barco já só tem uma canção

E talvez mais duas ou três frases. 


Agora eu tento escrevê-las emparelhadas,

Ou empinadas, encruzilhadas, enlatadas. 

De uma forma qualquer que te dê a impressão que tenho substrato. 

Sento-me no convés e acho que não te mereço 


Entretanto o barco treme

E tu fechas-te em copas

Estou à tua frente e não me focas

Eu não queria ser corta mocas

Mas tenho reparado que só bezana é que me tocas


E eu fico a pensar que tens nojo de mim

E que sou um erro de casting. 

Consegui que alguém me comprasse e agora quero que me devolvam. 


Eramos dois em espaço de um

Eu espremia-me cada vez mais perto

E tanto quis ficar alí a boiar

Que adormeci e acordei num deserto


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