quarta-feira, 13 de março de 2013

Já olharam bem para as estrelas hoje? Pois é, não têm nada de especial, estão assim todos os dias. E quando não estão assim, é porque têm o veludozinho húmido das nuvens a escondê-las. Por vezes brilham muito mais do que hoje, resplandecem que nem faróis cravados no tecto do mundo. Adoro ter nas estrelas uma companhia no escuro da solidão, são persistentes e quase nunca fogem. Às vezes quem foge somos nós que, afocinhados no chão de terra sonolenta, na Terra que circula lenta, perdemos o hábito de olhar para cima, e o essencial de olhar para cima é perceber a nossa gigantesca pequenez. Perder-mo-nos no nosso umbigo, contornando-o como a uma rotunda, infinitamente, acontece demasiado. Mas se pelo menos uma vez por outra tivermos a audácia de olhar o céu e sentirmo-nos pequenos, é possível que não sejamos engolidos pelo redemoinho de egocentrismo que temos no centro da barriga.

quarta-feira, 6 de março de 2013

arghhhhh. Estou farto de me balbuciar o teu nome repetidamente na minha cabeça, parece que me colaram um post-it nos óculos com o teu nome escritoarghhhhhhhhhh é como se fechasse os olhos e tivesse um screensaver com a tua cara a flutuar dum lado para o outro cmkfjngvbfuncidmcnfuvbytfuncdi. Entro em pânico apenas por escrever isto, imagina o pânico que tenho em dizê-lo.

terça-feira, 5 de março de 2013

E que estranho é
Ser alguma coisa absoluta
Uma apenas e só.
Uma pessoa devoluta
Que grite mas que não se oiça,
Uma personalidade de cão de loiça.

É assim que vão
Presos aos fios do teu cabelo
Bocados de mim.
Sou um fragmentado modelo
Do que fui um dia,
Ainda não te conhecia...

Não sonhas que ao ver-te
O que nos separa parece um abismo
E sinto-me perto do fim.
Não há sismo
Que trema tanto no mundo
Como o que treme cá no fundo.