quarta-feira, 13 de março de 2013

Já olharam bem para as estrelas hoje? Pois é, não têm nada de especial, estão assim todos os dias. E quando não estão assim, é porque têm o veludozinho húmido das nuvens a escondê-las. Por vezes brilham muito mais do que hoje, resplandecem que nem faróis cravados no tecto do mundo. Adoro ter nas estrelas uma companhia no escuro da solidão, são persistentes e quase nunca fogem. Às vezes quem foge somos nós que, afocinhados no chão de terra sonolenta, na Terra que circula lenta, perdemos o hábito de olhar para cima, e o essencial de olhar para cima é perceber a nossa gigantesca pequenez. Perder-mo-nos no nosso umbigo, contornando-o como a uma rotunda, infinitamente, acontece demasiado. Mas se pelo menos uma vez por outra tivermos a audácia de olhar o céu e sentirmo-nos pequenos, é possível que não sejamos engolidos pelo redemoinho de egocentrismo que temos no centro da barriga.

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