Ter como mapa   Imagens rudes e rascunhos   Torna difícil o caminho,   Adiar é sempre mais fácil.             (e por adiar definho)     Respirar é assustador   Quando o ar é perfume   De mofo e papel a arder,   Estufa-se o sentir e a consciência.           (e no espelho vejo-me a tremer)     Cruzo-me com sombras e reflexos   E não me reconheço em nenhum   Porque nada reflecte a explosão,   Cada pensamento é dinamite.           (e morro novo de indecisão)  
Mensagens
A mostrar mensagens de novembro, 2012
- Obter link
 - X
 - Outras aplicações
 
  As razões para o que faço estão marcadas em risquinhos que me enfeitam a alma, aos quais chamam cicatrizes. Também não sei como é que abriram nem como fecharam, por isso não vale a pena perguntares-te porquê. Se calhar muitas delas nunca chegaram a abrir; está tudo na minha cabeça, explica-lo exigiria muitas horas queimadas, muito cigarro digestivo e todo um reboliço que nem a um poste de luz interessa.   Imagine-se que toda a gente tinha uma tal cicatriz na língua.   “tão man, como é que fizeste isso?”, perguntaria eu a cada pessoa que passasse por mim. “pá, lambi uma faca” e eu perguntava logo “epa mas tu és estupido ou que???doeu muito???” “ya, as dores foram horríveis, mas a parte boa, quando é boa, é meeeeeeesmo mesmo boa”   E pronto, lá lambi a faca e, sem chegar à parte boa esvaí-me em sangue e juízo, tudo directamente para a massa pastosa do esgoto. Fiquei um bocado danificado, visto que morri. Mas ao menos ao morrer senti aquela dorzinha que as pessoas diziam que sentiam qua...
- Obter link
 - X
 - Outras aplicações
 
  Mar fulgurante, não se vê   Aonde tocas o céu, és intransigente.   Rindo, remo em ti, e rapidamente,   Inebriado,   Adormeço a chorar um fado.     Mar ilusório e celestial,   A bom porto não me levas, eu sei,   Rastejo para terras sem lei.   Gritar não me vale de muito,   Alheou-se-me o fortuito   Rareia-se-me o ar.   Isto de ser velejador,   De velejar pr’álem do torpor…   Ao menos no mar-alto posso cantar.     Trinta mil vezes   A sonhar já te atravessei.   Para mal da minha alma   Acordei.   De olhar em volta, iludido   As lagrimas caiam-me dos olhos,   Sem nunca te ter, tinha-te perdido.     Chorar sei que de nada me há-de valer   Ainda que me limpe a alma de dor.   Rosto ensopado por amor,   Dentro tem a alma a arder.   O tempo já não o vejo a correr,   Se velejar for sempre assim   O mar vai-se afogar em mim  
- Obter link
 - X
 - Outras aplicações
 
  Sem pegar fogo   Esfumo-me por dentro,   A alma entra em lenta combustão,   Tenho cinzas no coração.     No lugar da chama   Tenho uma furna em mim,   Das minhas feridas sai poeira,   Uma dor que não é verdadeira.     Boto álcool na labareda   Quero a alma a arder,   A chuva esbate e escorre,   E vida sem calor morre.     As cinzas no coração   Já não voltam a incandescer,   São pó que leva o vento,   E o espírito rasteja, lento.