Estávamos num barco Embalados pelo vaivém da lua Peles molhadas no convés à deríva Consumidos pelo breu, alumiados só Pelo incandescer das nossas almas E de repente, é um ar mais frio que passa Arrepiando o átrio da tua alma. Olhámos a bombordo sem ter noção Que de bom este barco já só tem uma canção E talvez mais duas ou três frases. Agora eu tento escrevê-las emparelhadas, Ou empinadas, encruzilhadas, enlatadas. De uma forma qualquer que te dê a impressão que tenho substrato. Sento-me no convés e acho que não te mereço Entretanto o barco treme E tu fechas-te em copas Estou à tua frente e não me focas Eu não queria ser corta mocas Mas tenho reparado que só bezana é que me tocas E eu fico a pensar que tens nojo de mim E que sou um erro de casting. Consegui que alguém me comprasse e agora quero que me devolvam. Eramos dois em espaço de um Eu espremia-me cada vez mais perto E tanto quis ficar alí a boiar Que adormeci e acordei num deserto
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A mostrar mensagens de novembro, 2024