sexta-feira, 17 de maio de 2013


Às vezes parte-se-me a cabeça ao meio e jogo-me à doença que tenho em mim. Queria tanto cortar as partes da minha consciência que me dizem que provoco este mal a mim mesmo mas cortá-las não as eliminava por completo. Aliás, é daquelas doenças a que a ciência chama degenerativas e a poesia chama docemente indeléveis.
Dizer que a doença é um estado de espírito com ar condescendente é por vezes demonstrar temeridade de frente a um rochedo pronto para abater-se em cima do referido doente. Dizê-lo é também agressivo para com a integridade emocional da doença em si, elas não gostam de ser rebaixadas a esse ponto. Afinal de contas por vezes as doenças também têm sentimentos. Esta minha não tem sentimentos porque não passa disso, um sentimento.